1. Plataforma: System-16
A década de 1980 estava chegando ao fim. A Sega e o seu Master System haviam ganho algumas batalhas, mas nos mais importantes mercados de games do mundo – leia-se Estados Unidos e Japão – a Nintendo havia se saído vitoriosa. Era o momento de se mover. O NES já estava no mercado a meia década e nenhum concorrente havia conseguido fazer frente ao seu domínio nos lares americanos e japoneses. Nos arcades – mais conhecidos como Casas de Fliperama aqui no Brasil – as coisas eram diferentes. A Sega tinha domínio completo e jogos que faziam a cabeça de muita gente. Foi então que alguém, na Sega, teve um estalo! Porque não fazer um console caseiro utilizando a placa base dos jogos de fliperama, a System-16.
Imagem da placa arcade System-16a
A System-16 era uma das mais avançadas de sua época e podia gerar jogos com efeitos sonoros incríveis e muitas cores. O coração da System-16 era um processador de 16 bits CISC 68000 da Motorola. A Sega teve muitas vantagens na utilização de uma plataforma já conhecida. A plataforma já estava mais do que testada, era muito poderosa, poderiam acelerar muito o projeto do novo console e, principalmente, já haviam dezenas de jogos famosos para essa plataforma, assim seria muito fácil e rápido transportá-los para o novo vídeo-game caseiro. Estava pavimentado o caminho para o que viria a ser o vídeo-game de maior sucesso da Sega: O Mega Drive (no mundo) ou Genesis (como foi batizado nos Estados Unidos).
O Mega Drive.
O Genesis
2. A Era dos 16 bits começa
O projeto do novo vídeo-game ficou a cargo de Hideki Sato, que dirigiu a equipe de engenheiros responsáveis pelo desenvolvimento do novo console. Claro, se você pegar imagens de jogos arcade baseados na System-16 e comparar com as do mesmo jogo para o Mega Drive, você notará uma grande diferença. Isso aconteceu porque foi necessário baratear o custo do novo vídeo-game. Para começar o clock do processador é mais lento. Na System-16 era de 10 MHz e no Mega Drive era de 7,67 MHz. O som, também, era muito melhor na System-16. Mesmo assim o novo vídeo-game estava anos luz de tudo o mais que existia na época e foi um divisor de águas. Assim, com o lançamento do Mega Drive no Japão, em 1988, a Sega inaugurava a era dos consoles de 16 bits.
Compare as seguintes imagens. O jogo é o Golden Axe. A primeira imagem mostra a versão dos arcades e a segunda é a versão para Mega Drive/Genesis. Note que no arcade há uma melhor definição de cores. É que a System-16 era capaz de mostrar muito mais cores simultâneas que o Mega Drive, que só mostrava 64 cores ao mesmo tempo.
3. Uma Carreira de Sucesso
O Mega Drive fez muito sucesso no mundo todo, mas, os Estados Unidos foi o principal mercado. Sucesso esse, que a SEGA não soube transferir para o console seguinte, o Saturn, que fracassou em solo americano.
Devido a problemas com o registro da marca Mega Drive nos Estados Unidos, a Sega mudou o nome do console para Genesis e investiu em uma campanha de marketing bastante agressiva. O resultado? O Mega Drive fez um enorme sucesso por lá e, pela primeira vez, a Sega havia conseguido a façanha de acabar com a hegemonia da Nintendo. Primeiramente a Sega investiu nas adaptações de jogos de sucessos nos Arcades para o Genesis/Mega Drive, o que se mostrou uma estratégia muito acertada.
Outra estratégia de sucesso foi o acordo com a softwarehouse Eletronic Arts. O público americano adora jogos que simulem esportes (football, baseball, basquete, etc.) e a Eletronic Arts construiu os melhores jogos nessa área para a plataforma da Sega. Esses jogos, associados a nomes de esportistas famosos, alavancou as vendas do Genesis/Mega Drive. Mas não foi só isso. Em 1991 chegava as lojas o jogo Sonic: The Hedgehog. O jogo do porco espinho mostrou do que a plataforma da Sega era capaz. O jogo atingia velocidades espantosas e os cenários e animações eram de uma beleza impressionante. Entre 1989 e 1993 o Genesis/Mega Drive viveu seus dias de glória e mudou o conceito de muita gente por aí, inclusive na Nintendo, que após esse revés, se arrastou por quase uma década, sem conseguir emplacar uma plataforma de sucesso, até a revolução do Wii em 2006.
Uma curiosidade: os formatos dos cartuchos do Genesis eram diferentes do formato dos cartuchos do Mega Drive. No Mega Drive japonês havia trava para que o cartucho não pudesse ser retirado com o console ligado. Os cartuchos do formato americano entravam no console japonês, desde que você retirasse essa trava. Usar um cartucho japonês no Genesis era mais complicado, já que a entrada dos cartuchos era menor. Sem falar nas travas eletrônicas criadas posteriormente, para que não fosse possível usar cartuchos de outras áreas no videogame.
4. Acessórios
Querendo aproveitar o sucesso do Mega Drive/Genesis, a SEGA lançou o Sega CD e o Sega 32X, que deveriam aumentar longevidade do console trazendo uma nova experiência em matéria de jogos. O problema é que a Sega quis se aproveitar do sucesso do seu console e ganhar mais algum dinheiro fácil. Seguindo essa idéia equivocada a Sega relançou jogos já existentes para os novos periféricos, somente dando um banho de loja. Os do Sega CD ganhavam filmes e animações para contar a história e do Sega 32X ganhavam um ou outro poderzinho para diferencia-los. Resultado? Fracasso total. O Sega CD até chegou a ter uma quantidade maior de jogos, mas, para o 32X pouquíssimos(cerca de 39) jogos foram lançados. Há, sim, sem falar que esses dois brinquedinhos custavam os olhos da cara.
Mega Drive Completo, com o 32X e o Mega CD
Houve, ainda, um terceiro periférico que teve um relativo sucesso. Era um adaptador de cartuchos que tornava possível jogar jogos do Master System no Mega Drive.
Adaptador que permitia rodar cartuchos do Master System no Mega Drive/Genesis.
5. Era uma vez em um país chamado Brasil…
Diferentemente que ocorreu com a maioria dos consoles o Mega Drive chegou ao Brasil pouco tempo depois do seu lançamento. A empresa Tec Toy, que é a distribuidora oficial de produtos da Sega no Brasil, lançou logo no inicio da década de 1990 o Mega Drive. Quem tem mais de 30 anos deve se lembrar bem do impacto de se ver as imagens dos jogos do Mega Drive. Nunca havia se visto cores como aquelas. O som era um caso a parte…era estéreo. Só que, no Brasil, praticamente não haviam televisores estéreo. Eu mesmo, tive que adaptar um cabo para ser plugado na saída de fone de ouvido no meu Mega Drive e conecta-lo ao aparelho de som lá de casa. Claro que o aparelho da Tec Toy era caríssimo. A maioria dos mortais trazia seus consoles via Paraguay e só comprava, ou alugava, os cartuchos por aqui. Mas, a Tec Toy fez um trabalho muito bom com o Mega Drive, chegando a lançar jogos desenvolvidos por ela.
Atualmente a Tec Toy ainda fabrica um modelo de Mega Drive, chamado de Mega Drive 3, que vem com 86 jogos na memória e não tem a entrada de cartuchos.
6. Emulando o Mega Drive
Se você quiser ter a real sensação do que é jogar um Mega Drive, aconselho que procure pelo console da Tec Toy. Digo isso porque, apesar de existirem emuladores muito bons para essa plataforma, nada supera visual dos jogos do Mega Drive na TV. Mas, se você não está disposto a gastar com pois só quer matar alguma saudade, segue uma lista de ótimos emuladores dessa plataforma:
Fusion: Fácil de usar, de configurar e roda praticamente qualquer jogo do Mega Drive(incluindo Sega CD e 32X). O Fusion também emula jogos do Master System.
Gens32: Ótima opção, também. O Gens32 tem mais opções para renderização de vídeo, opções de áudio e tem uma ferramenta muito interessante: um visualizador dos jogos.
Gens32 Plus: É um emulador baseado no código do Gens32. Muito bom, também. É um pouco mais chato de configurar.
Gens: Se não estou enganado este emulador é código base dos outros emuladores chamados de Gen. Muito bom, também.
HazeMD: Este emulador usa a interface do MAME, só que não funcionou de jeito nenhum. Se alguém tiver alguma sugestão de como faze-lo funcionar fique a vontade para me mandar.
7. ReferenciasGameHall: História do Mega
UOL Jogos: 20 anos de Mega Drive
Wikipedia: História do Mega Drive
Classic Gaming: História do Genesis
Agradecimentos ao internauta Tigh, que revisou algumas informações do texto. Para maiores detalhes é só ler os comentários deixados por ele.
Por favor, reveja as informações!
ResponderExcluirO cartucho que possuia formato diferente era o de Mega Drive japonês, que possuia os lados arredondados em semi-círculo e uma trava de segurança com um corte lateral (impedia que o cartucho fosse retirado com o console ligado). Os cartuchos dos modelos americano e europeu seguiam o mesmo molde: cantos arredondados somente na parte frontal do cartucho, com um recorte em forma de degrau na parte de trás. O Mega Drive Nacional era exatamente o Genesis, exceto pelo nome, que seguiu o adotado em todo o mundo fora os EUA. Os cartuchos piratas tinham o formato dos cartuchos americanos/europeus, mas com um corte na lateral direita, para que pudesse ser usado tb no modelo japonês. Muitos simplesmente quebravam a trava do modelo japonês (apenas um pino plástico) para poder usar qualquer tipo de cartucho.
Para usar cartuchos japoneses originais em consoles americanos/europeus o serviço não era tão discreto: alguns alargavam a entrada de cartuchos do console, outros cortavam as laterais da carcaça plástica dos cartuchos ou ainda, a solução menos destrutiva, abriam o cartucho e encaixavam apenas o circuíto no console.
Outra informação incorreta é que o Mega Drive não emplacou no Japão. Quem não conseguiu cumprir seu papel e nem "arranhou o domínio" da Nintendo foi o Master System (Obteve sucesso apenas nos mercados secundários: Europa, Austrália e Brasil). O Mega Drive esteve à frente de todos os seus concorrentes em todos os mercados. Ele perdeu terreno e encerrou seu ciclo de vida empatado com o SNES no mercado japonês, mas isso só ocorreu no final de vida dos 2 consoles. O sucesso do Mega Drive no Japão foi tão grande que o mercado japonês foi muito receptivo com o Saturn, seu sucessor. O mesmo nao ocorreu nos EUA devido a falhas estratégicas da SEGA por lá (lançamento do 32X, poucos jogos no lançamento do Saturn, etc).
Falando nisso, o 32X não foi uma idéia p/ "ganhar dinheiro fácil" como citado. Haviam 2 grupos desenvolvendo o console da nova geração: o "console de 32 bits" da Sega. Para resumir: o grupo de pesquisa japonês desenvolveu o Saturn e o americano desenvolveu o 32X. O erro foi que eles lançaram os 2! O 32X no mercado americano e o Saturn no japonês. Depois de ver q o 32X não iria emplacar, abandonaram e lançaram o Saturn no mercado americano tb!
E ambos sofreram na mão do PlayStation, que ganhou uma enxurrada de jogos (mesmo que só 1 em cada 16 jogos seja realmente bom) graças a um SDK (era muito mais fácil desenvolver p/ PSx que qualquer outro console até então)!
Os americanos perderam confiança na Sega enquanto o mesmo não ocorreu no Japão onde o Saturn é considerado um caso de sucesso. É bom ressaltar que lá o Saturn manteve a liderança até o lançamento de Final Fantasy VIII para o PlayStation e depois disto se manteve em segundo (com números expressivos) até o encerramento oficial da plataforma, com a chegada do Dreamcast.
Agora uma dica: Utilize um bom emulador, bons joypads (os USB de Saturn são ótimos, pois reproduzem a jogabilidade dos controles de 6 botões do MD), uma placa de vídeo com saída p/ TV e uma TV (claro!). A sensação é praticamente a mesma! Só não é a mesma pq vc não irá soprar a poeira dos cartuchos ao trocar os jogos. De resto...
Bom... me desculpe. Eu empolgo e não paro de falar. Estes foram os problemas que encontrei no texto até aqui. Sei que não foram intencionais.
Quero desejar muito sucesso ao blog! Divulgar a história dos consoles é algo de muito valor. Principalmente com o rumo que os consoles atuais vem tomando, onde especificações técnicas ficaram mais importantes que a diversão, coisa que não ocorria em minha geração! Todos jogávamos de tudo e o importante era nos divertirmos!
Obrigado pelo texto voce me fez recordar boms tempos de streets of rage, out run, shinobi e o melhor deles shadow dancer , sem contar tambem com rolling thunder
ResponderExcluirvaleu blogeiro
Il semble que vous soyez un expert dans ce domaine, vos remarques sont tres interessantes, merci.
ResponderExcluir- Daniel