Matriz Virtual - Seu Blog sobre Emuladores: junho 2009

1. Apenas para Situar Você

Quando menciono o nome NEC, o que lhe vem a cabeça? Se você trabalha na área de tecnologia deve saber que a NEC é uma das maiores fabricantes de produtos para comunicação(rede, voz, dados além de trabalhar fortemente na área de semicondutores) que existe. O que, talvez, você não saiba é que a NEC aventurou-se por quase uma década no mundo dos vídeo-games. Junto com a NEC estava uma empresa que desenvolvia jogos para vídeo-games, sendo responsável por vários sucessos do NES/Famicom, chamada Hudson Soft.

Não existe muita informação para determinar o porque, mas ao que tudo indica, vendo o estrondoso sucesso do NES/Famicom a NEC e a Hudson juntaram forças para criar o que foi um dos melhores vídeo-games da sua época. Estou falando do PC Engine.

2. Nasce o PC Egine

Em outubro de 1987 a NEC lançou o PC Engine no Japão. O PC Engine era um vídeo-game de 8 bits, mas, carregava um poderoso chip gráfico de 16 bits, que lhe permitia mostrar 482 cores simultâneas de um total de 512 – que era muito, mas muito acima, do número de cores que o NES podia mostrar – e um processamento de som ainda mais trabalhado. O PC Engine também inovou na forma como os jogos eram disponibilizados, em vez dos enormes cartuchos os jogos vinham em uma espécie de cartucho chamado HuCard, que era pouco maior que um cartão de crédito. Mas, no final das contas, o que determina o sucesso de um console é a qualidade de seus jogos, utilizando ou não todo o potencial do equipamento. É nesse ponto que a Hudson entrou, lançando versões de seus títulos já consagrados e criando muitos outros. Entre eles destaca-se o Bonk, que acabou tornando-se o mascote do PC Engine. Com o passar do tempo a NEC fechou acordos com outras software houses – Taito e Irem, por exemplo – que criaram mais alguns clássicos para esse console, como o jogo R-Type.

3. A Tragetória

O PC Engine fez bastante sucesso no Japão, tendo um expressivo número de jogos lançados. A NEC desenvolveu diversas versões do console, tornando-o um vídeo-game muito querido por lá. A NEC, com seu PC Engine, é responsável por outro feito, ela conseguiu lançar com sucesso um drive de CD-ROM para o PC Engine, algo que nem a poderosa SEGA conseguiu fazer – o PC Engine não foi o primeiro console com CD-ROM porque a Fujitiso já havia lançado um obscuro vídeo-game chamado FM Towns Marty que se utilizava desse tipo de mídia. Porque isso é importante? Simplesmente porque mostrou que essa mídia era muito mais interessante – e barata - para o lançamento de jogos, que podiam contar com muito mais fases, imagens, músicas e filmes. É só você olhar para todos os consoles atuais e ver o quanto eles foram felizes nesse quesito. Mas, claro, só o drive de CD-ROM não faria sucesso se a NEC não soubesse como aproveita-lo. A NEC não considerou o drive de CD-ROM uma maneira de “faturar uma grana” lançando os mesmos jogos com mais cenas e imagens, como a SEGA fez e desenvolveu diversos jogos aproveitando o que a mídia de CD podia dar.

Na imagem acima você o FM Towns Marty, um vídeo-game lançado pela Fujitso, somente no Japão, sendo o primeiro vídeo-game a utilizar a mídia de CD-ROM como mídia padrão na plataforma.

4. O Mercado Americano

A NEC sabia que tinha um produto superior e de sucesso, então a estratégia lógica seria lança-lo no maior mercado consumidor do mundo: os Estados Unidos. E foi o que a NEC fez! Em 1989 o PC Engine foi lançado nos Estados Unidos, com um design totalmente diferente e chamado de TurboGrafx 16. Entretanto, a NEC achou que o mercado americano era igual ao japonês. É consenso que um dos erros de marketing foi ter colocado o número 16(dando a entender que era um vídeo-game de 16 bits) em um vídeo-game de 8 bits. Isso causou uma rejeição do consumidor americano, já que a SEGA estava lançando o Genesis com uma massiva campanha que o alardeava como sendo o primeiro vídeo-game de 16 bits – o que era verdade. As diferenças entre o Genesis e o TurboGrafx ficaram evidentes já nos primeiros testes, mostrando que o poder de processamento do Genesis era muito maior. O interessante é que no Japão a situação era o inverso. O SEGA Genesis, conhecido por lá como Mega Drive, nunca atingiu a mesma popularidade do console da NEC. Pouco tempo depois foi a vez do Super Nintendo ser lançado, com toda a força dos personagens do mundo Nintendo, piorando ainda mais as coisas para o TurboGrafx 16. Mas não foi só isso que atrapalhou o pobre TurboGrafx. A NEC não parece ter levado em consideração o acordo de exclusividade que a Nintendo mantinha com as grandes desenvolvedoras de jogos, que não puderam lançar os jogos que elas produziam para o PC Engine no Japão. E para jogar a pá de cal, a NEC usou uma tática de marketing que funcionava no Japão mas não fazia sentido no mercado norte-americano.

5. O Fim de Um Ótimo Console

Em 1995 a linha PC Engine para de ser produzida e a NEC sai do mercado dos games, deixando uma grande contribuição para mundo dos vídeo-games. O último console lançado pela NEC, em 1994, chamava-se PC-FX, que era uma plataforma de 32 bits. O PC-FX foi considerado um ótimo vídeo-game, mas não tinha jogos bons. No final a NEC pediu ajuda para a Hudson Soft, mas já era tarde. A Sony e seu Playstation já mostravam como seria a cara dos games no futuro. Era o fim de uma era, e o PC Engine deixou um grande número de saudosistas no Japão.

6. Nem tudo acaba no fim

A era do PC Engine chegou ao fim no mundo dos consoles, mas ele continua vivo nos computadores. Existem ótimas opções de emuladores da plataforma PC Engine. São emuladores em fase de desenvolvimento bastante avançada e podem dar uma ótima idéia de como era jogar em um PC Engine original. Existem vários emuladores para essa plataforma, aqui vou destacar três emuladores exclusivos para PC Engine e dois emuladores de múltiplos sistemas:

	Hu-Go! – Emula bem os jogos, mas nem todos. O emulador simplesmente cai quando encontra um jogos que não consegue emular.
	MagiEngine – Esse é um do melhores emuladores da plaforma, mas, não é free. A versão de demonstração só funciona por cinco minutos e o emulador re-inicia.
	Ootake – Esse emulador vem evoluindo continuamente, mas ainda sofre com a emulação de alguns jogos. Em vários jogos a emulação do som é sofrível e o programa, em vez de ler os arquivos ZIP, descompacta em uma pasta antes de executar o jogo.
	Mednafen – Emula muito bem, mas, tem um probleminha. O emulador tem que ser carregado por linha de comando e, também, não consegui configurar o joypad.
	MESS – Emula a maioria dos jogos, mas a configuração do MESS é um pouco difícil, já que o MESS é formado por um grande conjunto de emuladores de inúmeras plataformas.