quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A Nintendo contra-ataca: Nasce o Super Nintendo

1. A era 16 bits

É fato que a Nintendo dominou a era dos videogames de 8 bits com seu NES e detonou todos os concorrentes do mercado. Mas, também, é fato que a Nintendo demorou para se mover no mercado dos videogames de 16 bits e comeu poeira durante alguns anos, enquanto a SEGA dominava o mercado com seu Mega Drive/Genesis. Porém, a reposta, quando veio, foi a altura. O Super Nintendo, ou simplesmente SNES, botou a Nintendo sob os holofotes! Esse é o Super Nintendo!

 

Com o nome de Super Famicom, a Nintendo o lançou primeiro no Japão em novembro de 1990. Só que a Nintendo acabou demorando quase um ano para lançar o Super Nintendo nos Estados Unidos. Isso deu tempo para a SEGA planejar o que ia fazer, o que veio como um ouriço azul que deu muito trabalho para o Sr. Mario.

Esse é o Super Famicom!

2. Encanadores, ouriços, briga de rua e … gorilas!

Enquanto no Japão tudo ia bem para a Nintendo e seu Super Famicom, nos Estados Unidos a coisa ficou complicada. Mesmo sendo superior ao Mega Drive/Genesis – o SNES era capaz de efeitos gráficos de Zoom e rotação, por exemplo, que o console da SEGA só conseguia com muito esforço dos programadores e era capaz de mostrar 256 cores ao mesmo tempo, enquanto o Genesis não passava de 64 cores – a Nintendo amargou o segundo lugar em vendas no seu lançamento. Super Mario, que acompanhava o console da Nintendo não foi páreo para o Sonic, o ouriço azul que viria a se transformar no mascote da SEGA.

Nos anos que se seguiram a batalha pela liderança de mercado entre Sega e Nintendo foi árdua. Nessa época as duas se esmeraram nos lançamentos de jogos, sendo que muitos dos melhores jogos para as duas plataformas foram lançadas entre 1991 e 1995. Mesmo assim durante esse período a SEGA prevaleceu e continuou em primeiro lugar em vendas nos Estados Unidos. Não ajudava o SNES o seu processador ser mais lento (3,57 MHz contra 7,67 Mhz do rival)  que o do console da SEGA. Para os RPGs – preferidos pelos japoneses - isso não fazia muita diferença, mas os jogos de esporte – preferidos pelos americanos – acabavam melhores no Mega Drive/Genesis. Mas isso iria mudar…

No começo da década de 1990 os fliperamas bombavam com um jogo lançado pela  desenvolvedora Capcom. Era o Street Fighter 2. Esse joga causou um frisson na molecada da época como poucos jogos haviam conseguido. Em 1992, como uma carta guardada na manga, a Capcom lança para o Super Nintendo, em uma conversão perfeita, o jogo Street Fighter 2 – curioso é que algum tempo depois, a Capcom lançou uma versão de Street Fighter para o Mega Drive/Genesis. O lançamento de Street Fighter alavancou as vendas do Super Nintendo, mas ainda assim, o console da Nintendo continuou em segundo lugar…Bem mais próximo do concorrente, é verdade, mas, ainda assim, atrás!

Compare as três versões de Street Fighter:




Essa é a versão lançada pela Capcom em máquinas arcade.





Essa é a versão lançada para o Super Nintendo. Note que ela é muito parecida com a versão arcade.


Essa foi a versão lançada para o Mega Drive/Genesis. Os cenários cores foram simplificados para se adaptar ao hardware da SEGA.

Mas a virada do Super Nintendo acabou vindo não de uma de suas parceiras mais antigas, como a Konami e a Capcom, mas, sim, da Rare, que em 1991 lançara um dos jogos mais difíceis e comentados para o NES de 8 bits: Battletoads!

Battletoads lançado pela Rare para o Nintendo de 8 bits!

Battletoads foi um dos maiores sucesso do NES, ainda mais se você levar em conta que a plataforma de 8 bits da Nintendo já dava seus últimos suspiros nessa época. Depois do lançamento de Battletoads a Rare deu uma sumida do cenário dos games. Mas não estava parada. A Rare estava investindo em estações gráficas da Silicon Graphics e desenvolvendo uma nova tecnologia. A tecnologia, chamada de ACM (Advanced Computing Modeling) permitia que a Rare criasse gráficos de uma qualidade jamais vista para o Super Nintendo. Quando a Nintendo foi apresentada à nova tecnologia e ao que ela permitia, ficou tão impressionada e tão entusiasmada que autorizou a Rare o desenvolvimento de um novo jogo com essa tecnologia, usando um dos personagens da empresa. O escolhido foi um gorila, criado em 1981 e que joga barris no Mario, para que ele não salvasse a mocinha: Donkey Kong!

Em 1994 a Rare lançou um dos jogos mais incríveis que já se havia visto. Chegava às lojas o jogo Donkey Kong Country. O jogo era revolucionário para época porque mostrava gráficos 3D pré-renderizados em um console com capacidade gráfica 2D e 16 bits. As vendas do Super Nintendo explodiram e a Nintendo pode, finalmente, comemorar o primeiro lugar em vendas. Claro que houve outros fatores que também ajudaram. Nessa época o Mega Drive/Genesis estava no fim da sua vida e a SEGA preparava-se para lançar seu sucessor, o SEGA Saturn, que acabou sendo massacrado por um novo player no mercado: o SONY PlayStation!

3. E por falar em mancadas…

Quando a SEGA lançou o SEGA CD – acessório para o Mega Drive/Genesis – rapidamente a Nintendo tratou de se mexer para criar um leitor de CDs pare Super Nintendo. Para isso, associou-se à Sony para criar o tal leitor. O problema é que esse projeto não foi nenhuma lua-de-mel. As discordâncias foram tantas que, Sony e Nintendo, cancelaram o projeto e o periférico nunca foi lançado para o Super Nintendo. Do outro lado, a Sony estava em um estágio bem avançado no projeto e alguém deve ter pensado: “Caramba! E vamos fazer o que com tudo isso?”. Bom a decisão você conhece. Chama-se PlayStation! Após terminar a parceria com a Nintendo e ter investido uma montanha de dinheiro a Sony resolveu dar continuidade no projeto e em 1994 lançou o console que foi o divisor de águas no mundo dos videogames caseiros. Esse erro estratégico da Nintendo quase lhe custou tudo o que ela havia conseguido no mundo dos videogames! O resultado dessa mancada foi o seguinte:

- A Nintendo perdeu a liderança no mercado de videogames, só voltando a recupera-la com o lançamento do WII, mais de 10 anos depois;

- A divisão de consoles da SEGA acabou engolida nesse turbilhão de mudanças. Hoje só cria jogos para as plataformas existentes;

- Um novo player surgiu após a queda da SEGA. A Microsoft entrou no mercado de games com o console XBox.

- Todas a marcas que tentavam emplacar um console nos fervilhantes anos 1990 acabaram por enterrar de vez seus projetos. Os jogos acabaram ficando sofisticados demais e sua produção cara demais para simplesmente brincar de fazer videogame.

4. E no Brasil?

Enquanto fora do Brasil essa briga toda se desenrolava, aqui a dominação ficou por conta da SEGA, que era oficialmente representada pela TecToy - que ainda fabrica o Mega Drive e o Master System. A Nintendo só passou a ter um representante oficial no final de 1993: A Playtronic.

A Playtronic foi formada a partir da associação da Gradiente e da fabricante de brinquedos Estrela, duas gigantes em seus respectivos setores, mas que não foram páreo para a boa estratégia implantada pela TecToy, que nessa altura do campeonato já detinha mais de 70% do mercado brasileiro de games. A Playtronic bem que tentou, investindo em publicidade, mas alguns fatores acabaram determinando o fracasso da investida:

- A estratégia de marketing foi acanhada e pouco focada. Quem é da época deve se lembrar da publicidade em revistas especializadas e dos poucos comerciais na TV.

Comercial da Playtronic. Um dos poucos que foi visto por alguém!

- O preço dos produtos oficiais era absurdamente caro, mesmo comparado com os da TecToy. O Paraguai continuou sendo a grande porta de entrada de consoles da Nintendo.

- A estratégia da TecToy era muito mais elaborada. Sem falar que na época do surgimento da Playtronic, a TecToy começava a lançar os primeiros jogos abrasileirados: Turma da Mônica, Chapolin e Pica-Pau deram as caras no Master System e, também, no Mega Drive.

- O NES de 8 bits oficial, não teve a menor chance contra os clones que pipocavam em nosso mercado. Inclusive, um desses clones, o Phantom System, era fabricado pela própria Gradiente.

- Em 1996 a Estrela deixa a Playtronic que passa a se chamar Gradiente Entertainment que dura até 2003. Segundo a Gradiente a alta do dólar após 1998 acabou por selar o destino do negócio. É claro que a concorrência com o Playstation também ajudou a por um fim na história.

6. Relembrar é preciso

A Sega e a Nintendo travaram  a maior batalha do mundo dos videogames e ajudaram a mudar a cara desse mercado, que acabou ficando mais sério e virou um negócio de gente grande, em que bilhões de dólares estão em jogo. São dessa época alguns dos melhores jogos já feitos, por isso, se tiver como comprar um Super Nintendo vá em frente. Se não tiver jeito, você pode usar seu computador para lembrar dessa época, ou, se for o seu caso, conhecer os jogos do SNES. Aqui eu coloco algumas indicações de emuladores para Super Nintendo. São todos fáceis de usar e não exigem nenhum conhecimento para fazê-los funcionar.

ZSNES: É o melhor emulador de Super Nintendo que existe. Eu acho a interface dele um pouco chata, mas nada que comprometa o uso. Roda praticamente todos os jogos.

SNES9x: Tão bom quanto o ZSNES, mas com a vantagem de ter uma interface mais simples.

E bom divertimento!

7. Fontes

Wikipedia – Super Nintendo Entertainment System

GameHall – A História do Super Nintendo

Megapotion – Sega x Nintendo – Games no Brasil dos anos 90

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